terça-feira, 21 de julho de 2009

Sobre loucos


Oi. Escreverei hoje sobre algo menos narcísico do que os outros posts, não escreverei sobre mim, mas sim, sobre eles, os loucos.
Loucura é um tema que sempre foi abordado, discutido e que sempre esteve presente nos assuntos populares. Porém, atualmente, o que mais se fala é sobre a esquizofrenia, doença de Tarso, personagem da novela das 8. Tudo isso é muito bonito, mostrar ao povo brasileiro o desenvolvimento da doença, bem como a necessidade de auxílio psiquiátrico, etc, etc. Porém, é realmente triste perceber o olhar lançado pela mídia em relação à doença e aos loucos.

Há algumas semanas atrás me deparei com uma reportagem que abordava o tema Esquizofrenia no jornal do almoço. Um repórter foi até um hospital psiquiatrico, onde 'vivem' esquizofrênicos, esquizofrênicas e pessoas com outras patologias. Ele andou pelo hospital comentando sobre a doença e mencionando que "algumas mulheres não aceitam ter a doença" e que "apesar de estarem medicadas e calmas em grande parte do tempo, o comportamento das mulheres esquizofrênicas é imprevisível". Isso me deixa muito triste, perceber que a mídia trata tal doença como algo extremamente perigoso, descartando qualquer possibilidade de vivência dos doentes fora dos 'chiqueirinhos psiquiátricos'.

Digo isso, porque a forma com que são tratados os sujeitos que possuem a doença é realmente revoltante. Percebemos isso na reportagem, já que o repórter comenta o que foi abordado acima, na frente das próprias mulheres esquizofrênicas, como se elas realmente não estivessem lá. O relato da senhora que não queria estar enternada, foi nitidamente entendido como mais um motivo para se ter os loucos longe da sociedade, dentro de clínicas. Além disso, pela forma que o repórter se expressava, ele não parecia estar em um hospital psiquiatrico onde vivem humanos com uma patologia, mas sim em um zoológico, cheio de animais selvagens prontos para atacá-lo.

Sendo assim, entendo como extremamente necessário o total entendimento da doença, bem como o uso de medicamentos pelos pacientes esquizofrênicos. Também entendo que tal doença provoca alucinações fortíssimas, impossibilitando o sujeito de distinguir a realidade da ilusão. Porém, entendo que as pessoas que possuem essa e outras doenças mentais precisam ser ouvidas, precisam ser tratadas com dignidade e respeito, como seres humanos que também possem direitos huamanos, e não daquela forma menosprezante. Além disso, doentes mentais podem SIM viver em sociedade, ao lado dos 'normais', já que o uso correto de medicamentos faz com que as alucinações acabem ou sejam mínimas, diminuindo os sintomas.
A subjetividade das pessoas que vivem em hospitais psiquiátricos é totalmente ignorada, são tratados como se fossem invisíveis, totalmente invisíveis, como se não possuíssem consciência, sentimentos e, enfim, como se não possuíssem aquilo que nos faz seres humanos!

Precisamos gritar, abraçar essa causa e ser contra todos esses Hospitais Psiquiátricos espalhados pelo país, e ser, consequentemente, contra o monopólio, alguns médicos, governo e outros profissionais que se esoforçam dia e noite para continuar lucrando com essa barbárie. É uma tarefa difícil. Porém, penso que mais difícil ainda é observar esse desrrespeito à vida e fingirmos não estar envolvidos. Podemos concordar com tudo isso e reproduzir o que já está pronto, ou então podemos tomar uma postura diferente, postura de quem é a favor dos direitos humanos, e antes de tudo, da vida.

Bom, acabei.


A reportagem completa:
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?contentID=68459&uf=2&channel=40

Um filme bem legal que trata desse assunto é "O Bicho de 7 Cabeças". É um filme Brasileiro, que tem como protagonista o Rodrigo Santoro.

Outro filme, que trata propriamente da Esquizofrenia é "Uma Mente Brilhante" com Russel Crowe.

Um comentário:

  1. Esse post me incomodou e eu tive que comentar... A mídia é assim! Não importa o assunto tratado. Parei de ver TV e quando sente e tento assistir não consigo. Um exemplo que eu vi e fiquei chocada. Tem um programa, se eu não me engano é o Pânico, eles tem um quadro que se chama "musa da beleza interior" (algo assim). Fico impressionada como eles usam o ser humano pra fazer chacotas, e mais impressionada ainda como tem gente que assiste de bom grado e ainda consegue rir de uma coisa dessas! Eu não ficaria feliz se me filmassem e me transmitissem em rede nacional como "musa da beleza interior", ou seja "nunca vi mais ridícula". A mídia dita um padrão de beleza, e nessas pequenas coisas que o padrão se instala em nosso cotidiano. Qual o problema em ser gordo, baixo, ter cabelo enrolado, não usar roupas e acessórios da ultima coleção?! CÉUS! isso tudo é apenas um exemplo, onde se houvesse um pouco de reflexão as coisas poderiam mudar.
    Eles só querem entreter Emilia, enquanto houver audiência, eles estão felizes. Claro que "algumas mulheres não aceitam ter a doença", creio que NINGUÉM GOSTA DE TER QUALQUER TIPO DE DOENÇA!... é meio óbvio isso. A forma de tratamento que os repórteres tem, é exatamente como você falou, como se fosse um zoológico... É um absurdo isso.
    Eu tenho bulimia, e sofro muito com meu tratamento, óbvio que não queria estar doente, e fico mais triste ainda quando a mídia em geral tenta "abordar" esse tema, e qualquer outro tema que tenha o mínimo de seriedade. Colocaram um bulimica na Malhação, agora tem uma Drunkoréxica em sei lá qual novela, e eles tratam tudo de uma forma superficial, sem nenhum tipo de escrúpulos, sinto as vezes que eles nem leem sobre tal para poder abordar.
    Eu como faço um tratamento psiquiátrico sei como é o tratamento que eles tem em relação aos pacientes. Muitos tem boa vontade e querem mesmo ajudar, mas o problema é que eles só sabem o que se encontra nos livros, eles não entendem o que nós passamos, tudo é exagero, "toma um remedinho e pronto".
    Não adianta "abraçar a causa", isso não é nada comparado a complexidade do assunto.
    Como você disse é muito difícil observar e não fazer nada, só que a questão é bem mais embaixo.
    Há muitas coisas pequenas que devem ser mudadas pra depois cuidar dessas maiores. A questão é: por onde começar?
    Não sei, queria muito saber.

    Uma mente brilhante é incrível *-*

    (desculpe a confusão das palavras, é assim que eu escrevo, simplesmente vomito o que me passa pela cabeça, sem organizar).
    Abraço

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