terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sobre o que parece certo

Sempre que alguém pergunta que faculdade eu faço e eu respondo que faço Psicologia, logo vem outra pergunta: "Vai abrir um consultório então?" E logo após essa outra pergunta vem a minha resposta: "Não...eu quero trabalhar na área de Psicologia Social", então logo após a minha resposta vem a cara de surpreso da pessoa que me perguntou. Claro que eu entendo que as pessoas ainda não conhecem todas as possíveis atuações da Psicologia, e que a grande maioria ainda acha que quem faz Psicologia obrigatoriamente terá uma clínica. Mas o mais engraçado é que a surpresa não é apenas por eu não 'ser clínica', mas também pela área escolhida, no caso, a área social.
Depois dessa parte, eu já sei que logo à frente da conversa virão comentários do tipo: "Mas isso dá dinheiro?", "Olha, eu acho que você deveria pensar no seu bolso" ou algo como “Mas você tem um padrão de vida para manter...”, além de um grande pré-conceito com a palavra 'SOCIAL'. Isso porque, provavelmente, ainda é vista como parte de uma prática assistencialista, que ‘dá o peixe’ ao invés de ‘ensinar a pescar’. E, bom, nós sabemos que a história não é tão simples assim.
Mas enfim, o que me intriga é como as pessoas sempre acabam tentando me convencer à escolher uma área (ou até um curso) que dê dinheiro ‘fácil’! Falam como se soubessem muito mais do que eu mesma [porque eu ainda sou nova sabe? não sei nada da vida, não sei nem de mim mesma] o que é ‘melhor’ para mim.
Então, quando você menciona a escolha de uma profissão (ou área) diferenciada, comprometida com as camadas da sociedade que não tem acesso à Psicologia e nem à nada, ou que não é sinônimo de dinheiro, quando você não quer se tornar um 'profissional autista' (como diz minha professora de Psicanálise) parece que imediatamente uma 'bomba simbólica' cai e faz um grande estouro, ou como se as pessoas, antes entusiasmadas por saber que você estuda bastante ou que está em uma boa faculdade, acabassem por concluir que você está tomando um ‘caminho errado’ para a sua vida, ou que você ainda é muito ingênua para entender dela, mantendo-se sempre, claro, com seu discurso neoliberal na ponta da língua.
frustrante.


* Quando eu mencionei sobre seguir uma profissão comprometida socialmente, eu não quis dizer que quem é Psicólogo clínico não é ou algo assim, mas este já segue o padrão de profissional liberal, então ta tudo certo.

* A foto é do tecido Chita, com suas belezas e constrastes.

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